As Olímpiadas da França, a 33ª edição dos Jogos Olímpicos, tem sido marcada pelas restrições religiosas. A polêmica se tornou pública na abertura do evento com um dos quadros na transmissão de TV.
O cerimonialista e diretor criativo Thomas Jolly negou que
tenha feito uma paródia da Última Ceia na cerimônia de abertura dos Jogos de
Paris, após grupos religiosos criticarem o evento por considerá-lo uma
"zombaria ao Cristianismo". Na cena, dançarinos, drag queens e
pessoas em fantasias coloridas ficaram em poses que lembravam representações da
Última Ceia, a última refeição de Jesus com seus apóstolos - evento também
chamado por alguns como Santa Ceia. Alguns grupos católicos e bispos franceses
condenaram o que viram como "cenas de escárnio e zombarias ao
Cristianismo".
Nas telas de milhões de pessoas ao redor do globo, a apresentação mostrou uma cena envolvendo o cantor e ator francês Philippe Katerine como o deus Dionísio, seminu e pintado de azul, em uma mesa de banquete. "A ideia era fazer uma grande festa pagã ligada aos deuses do Olimpo", disse Jolly em uma entrevista ao canal francês BFM no último domingo (28/7).
As três cenas comparadas - a Festa dos deuses; a cena da olímpiada; e a o quadro da Santa Ceia |
"Você nunca encontrará em meu trabalho qualquer desejo de zombar ou difamar. Eu queria uma cerimônia que unisse as pessoas, que as reconciliasse, mas também uma cerimônia que afirmasse nossos valores de liberdade, igualdade e fraternidade." Jolly também defende que achou que suas intenções estavam claras. "Dionísio aparece nessa mesa. Ele está presente porque é o deus da festa, do vinho, e pai de Sequana, deusa relacionada ao rio Sena." Suas declarações foram apoiadas por internautas que viram na sua encenação elementos do quadro a "Festa dos Deuses". Fonte:BBC
Mas essa não foi a única dificuldade que os atletas cristãos
enfrentaram. Eles estão proibidos de fazer qualquer manifestação religiosa,
sejam referências ou testemunhos públicos.
A França desde o século 18 é uma nação anti-cristã. A
história da Revolução Francesa foi fundamentada em um movimento contra a
dominação religiosa que havia na Europa e naquela nação.
Na profecia do Apocalipse essa cidade é chamada de “grande
cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor
foi crucificado” (11:8).
Segundo as palavras do profeta, um pouco antes do ano
1798, algum poder de origem e caráter satânico se levantaria para fazer guerra
à Escritura Sagrada. E na terra em que o testemunho das duas testemunhas de
Deus deveria assim ser silenciado, manifestar-se-ia o ateísmo de Faraó e a
licenciosidade de Sodoma.
Esta profecia teve exatíssimo e preciso cumprimento na
história da França. Durante a Revolução, em 1793, "o mundo pela primeira
vez ouviu uma assembléia de homens, nascidos e educados na civilização, e
assumindo o direito de governar uma das maiores nações européias, levantar a
voz em coro para negar a mais solene verdade que a alma do homem recebe, e
renunciar unanimemente à crença na Divindade e culto à mesma". - Vida de
Napoleão Bonaparte, de Sir Walter Scott. "A França é a única nação do
mundo relativamente à qual se conserva registro autêntico de que, como nação,
se levantou em aberta rebelião contra o Autor do Universo. Profusão de
blasfemos, profusão de incrédulos, tem havido e ainda continua a haver, na
Inglaterra, Alemanha, Espanha e em outras terras; mas a França fica à parte, na
história universal, como o único Estado que, por decreto da Assembléia
Legislativa, declarou não haver Deus, e em cuja capital a população inteira, e
vasta maioria em toda parte, mulheres assim como homens, dançaram e cantaram
com alegria ao ouvirem a declaração." - Blackwood"s Magazine, de
novembro de 1870.
O Apocalipse chama Paris de a "grande cidade" em
cujas ruas as testemunhas foram mortas, e onde seus corpos mortos estiveram, é
"espiritualmente" o Egito. De todas as nações apresentadas na
história bíblica, o Egito, de maneira mais ousada, negou a existência do Deus
vivo e resistiu aos Seus preceitos. Nenhum monarca já se aventurou a rebelião
mais aberta e arrogante contra a autoridade do Céu do que o fez o rei do Egito.
Quando, em nome do Senhor, a mensagem lhe fora levada por Moisés, Faraó
orgulhosamente, respondeu: "Quem é o Senhor cuja voz eu ouvirei, para
deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel."
Êxo. 5:2. Isto é ateísmo; e a nação representada pelo Egito daria expressão a
uma negação idêntica às reivindicações do Deus vivo, e manifestaria idêntico
espírito de incredulidade e desafio. A "grande cidade" é também
comparada "espiritualmente" com Sodoma. A corrupção de Sodoma na
violação da lei de Deus, manifestou-se especialmente na licenciosidade. E este
pecado também deveria ser característico preeminente da nação que cumpriria as
especificações deste texto.
A França também apresentou as características que mais
distinguiram Sodoma. Durante o período revolucionário mostrou-se um estado de
rebaixamento moral e corrupção semelhante ao que trouxera destruição às cidades
da planície. E o historiador apresenta juntamente o ateísmo e a licenciosidade
da França, conforme os dá a profecia: "Ligada intimamente a estas leis que
afetam a religião, estava a que reduzia a união pelo casamento - o mais sagrado
ajuste que seres humanos podem formar, cuja indissolubilidade contribui da
maneira mais eficaz para a consolidação da sociedade - à condição de mero
contrato civil de caráter transitório, em que quaisquer duas pessoas poderiam
empenhar-se e que, à vontade, poderiam desfazer. ...
Se os demônios se houvessem disposto a trabalhar para
descobrir o modo mais eficaz de destruir o que quer que seja venerável, belo ou
perdurável na vida doméstica, e de obter ao mesmo tempo certeza de que o mal
que era seu objetivo criar se perpetuaria de uma geração a outra, não poderiam
ter inventado plano mais eficiente do que a degradação do casamento. ... Sofia
Arnoult, atriz famosa pelos ditos espirituosos que proferia, descreveu o
casamento republicano como sendo "o sacramento do adultério"." -
Scott.
O Apocalipse diz – "Onde o seu Senhor também foi
crucificado." Esta especificação da profecia também foi cumprida pela
França. Em nenhum país fora o espírito de inimizade contra Cristo ostentado
mais surpreendentemente. Em nenhum país encontrara a verdade mais atroz e cruel
oposição. Na perseguição que a França infligiu aos que professavam o evangelho,
crucificou a Cristo na pessoa de Seus discípulos.
Século após século o sangue dos santos fora derramado.
Enquanto os valdenses, "pela palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus
Cristo", depunham a vida nas montanhas do Piemonte, idêntico testemunho da
verdade era dado por seus irmãos, os albigenses da França. Nos dias da Reforma
seus discípulos foram mortos com horríveis torturas. Rei e nobres, senhoras de
alto nascimento e delicadas moças, o orgulho e a nobreza da nação, haviam
recreado os olhos com as agonias dos mártires de Jesus. Os bravos huguenotes, batendo-se
pelos direitos que o coração humano preza como os mais sagrados, tinham
derramado seu sangue em muitos campos de rudes combates. Os protestantes eram
tidos na conta de proscritos, punha-se a preço a sua cabeça e eram perseguidos
como animais selvagens.
Centenas de homens idosos, indefesas mulheres e inocentes
crianças eram deixados mortos sobre a terra em seu lugar de reunião.
Atravessando-se a encosta das montanhas ou a floresta, onde estavam acostumados
a reunir-se, não era raro encontrarem-se "a cada passo corpos mortos,
pontilhando a relva, e cadáveres a balançar suspensos das árvores". Seu
território, devastado pela espada, pelo machado, pela fogueira,
"converteu-se em vasto e triste deserto". "Estas atrocidades não
eram ordenadas ... em qualquer época obscura, mas na era brilhante de Luís XIV.
Cultivavam-se então as ciências, as letras floresciam, os teólogos da corte e
da capital eram homens doutos e eloqüentes, aparentando perfeitamente as graças
da humildade e caridade." - Wylie.
O episódio mais escuro da história da França, e do catálogo
de crimes, a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os hediondos
séculos, foi o massacre de São Bartolomeu. O mundo ainda recorda com
estremecimento de horror as cenas daquele assalto covardíssimo e cruel. O rei
da França, com quem sacerdotes e prelados romanos insistiram, sancionou a
hedionda obra. Um sino badalando à noite dobres fúnebres, foi o sinal para o
morticínio. Milhares de protestantes que dormiam tranqüilamente em suas casas,
confiando na honra empenhada de seu rei, eram arrastados para fora sem aviso
prévio e assassinados a sangue frio.
Como Cristo fora o chefe invisível de Seu povo ao ser tirado
do cativeiro egípcio, assim foi Satanás o chefe invisível de seus súditos na
horrível obra de multiplicar os mártires. Durante sete dias perdurou o massacre
em Paris, sendo os primeiros três com inconcebível fúria. E não se limitou
unicamente à cidade, mas por ordem especial do rei estendeu-se a todas as
províncias e cidades onde se encontravam protestantes. Não se respeitava nem
idade nem sexo. Não se poupava nem a inocente criancinha, nem o homem de
cabelos brancos. Nobres e camponeses, velhos e jovens, mães e filhos, eram
juntamente abatidos. Por toda a França a carnificina durou dois meses.
Pereceram setenta mil da legítima flor da nação.
"Quando as notícias do massacre chegaram a Roma, a exultação
entre o clero não teve limites. O cardeal de Lorena recompensou o mensageiro
com mil coroas; o canhão de Santo Ângelo reboou em alegre salva; os sinos
tangeram em todos os campanários; fogueiras festivas tornaram a noite em dia; e
Gregório XIII, acompanhado dos cardeais e outros dignitários eclesiásticos,
foi, em longa procissão, à igreja de São Luís, onde o cardeal de Lorena cantou
o Te Deum. ... Uma medalha foi cunhada para comemorar o massacre, e no Vaticano
ainda se podem ver três quadros de Vasari descrevendo o ataque ao almirante, o
rei em conselho urdindo a matança, e o próprio morticínio. Gregório enviou a
Carlos a Rosa de Ouro; e quatro meses depois da carnificina, ... ouviu
complacentemente ao sermão de um padre francês, ... que falou daquele "dia
tão cheio de felicidade e regozijo, em que o santíssimo padre recebeu a
notícia, e foi em aparato solene dar graças a Deus e a São Luís"." -
O Massacre de São Bartolomeu, de Henry White.
O mesmo espírito sobrenatural que instigou o massacre de São
Bartolomeu, dirigiu também as cenas da Revolução Francesa. Foi declarado ser
Jesus Cristo um impostor e o grito de zombaria dos incrédulos franceses era:
"Esmagai o Miserável!" querendo dizer Cristo. Blasfêmia que desafiava
o Céu e abominável impiedade iam de mãos dadas, e os mais vis dentre os homens,
os mais execráveis monstros de crueldade e vício, eram elevados aos mais altos
postos. Em tudo isto, prestava-se suprema homenagem a Satanás, enquanto Cristo,
em Seus característicos de verdade, pureza e amor abnegado, era crucificado.
O Apocalipse chama essa nação de "A besta que sobe do
abismo" (11:7). O poder ateísta que governou na França durante a Revolução
e reinado do terror, desencadeou contra Deus e Sua santa Palavra uma guerra
como jamais o testemunhara o mundo. O culto à Divindade fora abolido pela
Assembléia Nacional. Bíblias eram recolhidas e publicamente queimadas com toda
a manifestação de escárnio possível. A lei de Deus era calcada a pés. As
instituições das Escrituras Sagradas, abolidas. O dia de repouso semanal foi
posto de lado, e em seu lugar cada décimo dia era dedicado à orgia e blasfêmia.
O batismo e a comunhão foram proibidos. E anúncios afixados visivelmente nos
cemitérios, declaravam ser a morte um sono eterno.
"Uma das cerimônias deste tempo de loucuras permanece
sem rival pelo absurdo combinado com a impiedade. As portas da convenção foram
abertas de par em par a uma banda de música, seguida dos membros da corporação
municipal, que entraram em solene procissão, cantando um hino de louvor à
liberdade e escoltando, como o objeto de seu futuro culto, uma mulher coberta
com um véu, a quem denominavam a deusa da Razão. Levada à tribuna, tirou-se-lhe
o véu com grande pompa, e foi colocada à direita do presidente, sendo por todos
reconhecida como dançarina de ópera. ... A essa pessoa, como mais apropriada
representante da razão a que adoravam, a Convenção Nacional da França prestou
homenagem pública. "Essa momice, ímpia e ridícula, entrou em voga; e o
instituir a deusa da Razão foi repetido e imitado, por todo o país, nos lugares
em que os habitantes desejavam mostrar-se à altura da Revolução." - Scott.
Ao ser a deusa apresentada à Convenção, o orador tomou-a
pela mão e, voltando-se à assembléia, disse: "Mortais, cessai de tremer
perante os trovões impotentes de um Deus que vossos temores criaram. Não
reconheçais, doravante, outra divindade senão a Razão. Ofereço-vos sua mais
nobre e pura imagem; se haveis de ter ídolos, sacrificai apenas aos que sejam
como este. ... Caí perante o augusto Senado da Liberdade, ó Véu da Razão! ..."A
deusa, depois de ser abraçada pelo presidente, foi elevada a um carro suntuoso
e conduzida, por entre vasta multidão, à catedral de Notre Dame para tomar o
lugar da Divindade. Ali foi ela erguida ao altar-mor e recebeu a adoração de
todos os presentes." - Alison.
Não muito depois, seguiu-se a queima pública da Escritura
Sagrada. Em uma ocasião, "a Sociedade Popular do Museu" entrou no
salão da municipalidade, exclamando: "Vive La Raison!" e carregando
na extremidade de um mastro os restos meio queimados de vários livros, entre os
quais breviários, missais, e o Antigo e Novo Testamentos, livros que
"expiavam em grande fogo", disse o presidente, "todas as
loucuras que tinham feito a raça humana cometer". - Journal de Paris, 14
de novembro de 1793 (nº 318).
O espírito de liberdade acompanhava a Bíblia. Onde quer que
o evangelho era recebido, despertava-se o povo. Começavam os homens a romper as
algemas que os haviam conservado escravos da ignorância, vício e superstição.
Começavam a pensar e agir como homens. Os monarcas, ao verem isto, temeram pelo
seu despotismo.
Roma não foi tardia em inflamar seus ciosos temores. Disse o
papa ao regente da França em 1525: "Esta mania [o protestantismo], não
somente confundirá e destruirá a religião, mas todos os principados, nobreza,
leis, ordens e classes juntamente." - História dos Protestantes da França,
G. de Félice. Poucos anos mais tarde um núncio papal advertiu ao rei:
"Majestade, não vos enganeis. Os protestantes subverterão toda a ordem
civil e religiosa. ... O trono está em tão grande perigo como o altar. ... A
introdução de uma nova religião deve necessariamente introduzir novo
governo." - História da Reforma no Tempo de Calvino, D"Aubigné. E os
teólogos apelavam para os preconceitos do povo, declarando que a doutrina
protestante "instiga os homens à novidade e loucura; despoja o rei da
dedicada afeição de seus súditos e devasta tanto a Igreja como o Estado".
Assim Roma conseguiu predispor a França contra a Reforma. "Foi para manter
o trono, preservar os nobres e conservar as leis, que pela primeira vez se
desembainhou na França a espada da perseguição." - Wylie.
Mal imaginavam os governantes do país os resultados daquela
política fatal. O ensino da Escritura Sagrada teria implantado no espírito e no
coração do povo os princípios de justiça, temperança, verdade, eqüidade e
benevolência, que são a própria pedra basilar da prosperidade da nação. "A
justiça exalta as nações." Donde, "com justiça se estabelece o
trono". Prov. 14:34; 16:12. "O efeito da justiça será paz, e a
operação da justiça repouso e segurança, para sempre." Isa. 32:17. O que
obedece à lei divina é o que melhor respeitará e obedecerá às leis de seu país.
O que teme a Deus honrará ao rei no exercício de toda a autoridade justa e
legítima. Mas a desditosa França proibiu a Bíblia e condenou seus discípulos.
Século após século, homens de princípios e integridade, homens de agudeza
intelectual e força moral, que tinham coragem de confessar suas convicções e fé
para sofrer pela verdade, sim, durante séculos esses homens labutaram como
escravos nas galeras, pereceram na fogueira, ou apodreceram nas celas das
masmorras. Milhares e milhares encontraram segurança na fuga; e isto continuou
por duzentos e cinqüenta anos depois do início da Reforma.
"Quase não houve geração de franceses, durante esse
longo período, que não testemunhasse os discípulos do evangelho fugindo diante
da fúria insana do perseguidor, levando consigo a inteligência, as artes, a
indústria, a ordem, nas quais, em regra, grandemente se distinguiam, para o
enriquecimento das terras em que encontravam asilo. E à medida que enchiam
outros países com esses valiosos dons, privavam deles o seu próprio país. Se
tudo que então foi repelido se houvesse conservado na França; se, durante esses
trezentos anos, a habilidade industrial dos exilados tivesse estado a cultivar
seu solo; se durante esses trezentos anos, seu pendor artístico tivesse estado
a aperfeiçoar suas indústrias; se durante esses três séculos, seu gênio
inventivo e poder analítico tivessem estado a enriquecer sua literatura e a
cultivar sua ciência; se a sabedoria deles estivesse a guiar seus conselhos, a
bravura a pelejar em suas batalhas e a eqüidade a formular suas leis, e
estivesse a religião da Bíblia a fortalecer o intelecto e a governar a
consciência de seu povo, que glória não circundaria hoje a França! Que país
grandioso, próspero e feliz - modelo das nações não teria ela sido!
"Mas o fanatismo cego baniu de seu solo todo ensinador
da virtude, todo campeão da ordem, todo defensor honesto do trono, dizendo aos
homens que teriam dado ao país "renome e glória" na Terra: Escolhei o
que quereis: a fogueira ou o exílio. "Finalmente a ruína do Estado foi
completa; não mais restavam consciências para serem proscritas; não mais
religião para arrastar-se à fogueira; não mais patriotismo para ser
desterrado." - Wylie. E a Revolução, com todos os seus horrores, foi o
tremendo resultado.
"Com a fuga dos huguenotes, um declínio geral baixou
sobre a França. Florescentes cidades manufatureiras caíram em decadência;
férteis distritos voltaram a sua natural rusticidade; embotamento intelectual e
decadência moral sucederam-se a um período de desusado progresso. Paris
tornou-se um vasto asilo de mendicidade, e calcula-se que, ao romper a
Revolução, duzentos mil pobres reclamavam caridade das mãos do rei. Somente os
jesuítas floresciam na nação decadente, e governavam com terrível tirania sobre
escolas e igrejas, prisões e galés."
O evangelho teria proporcionado à França a solução dos
problemas políticos e sociais que frustravam a habilidade de seu clero, seu rei
e seus legisladores, e que finalmente mergulharam a nação na anarquia e ruína.
Sob o domínio de Roma, porém, o povo tinha perdido as benditas lições do
Salvador acerca do sacrifício e amor abnegado. Tinham sido afastados da prática
da abnegação em favor dos outros. Os ricos não haviam recebido repreensão
alguma por sua opressão aos pobres; estes, nenhum auxílio pela sua servidão e
degradação. O egoísmo dos abastados e poderosos se tornou mais é mais visível e
opressivo. A cobiça e a dissolução dos nobres, durante séculos, tiveram como
resultado a esmagadora extorsão para com os camponeses. Os ricos lesavam os
pobres, e estes odiavam aqueles.
Em muitas províncias as propriedades eram conservadas pelos
nobres, sendo as classes trabalhadoras apenas arrendatárias; achavam-se à mercê
dos proprietários e obrigados a sujeitar-se às suas exigências escorchantes. O
encargo de sustentar tanto a Igreja como o Estado recaía sobre as classes média
e baixa, pesadamente oneradas pelas autoridades civis e pelo clero. "O
capricho dos nobres arvorava-se em lei suprema; os lavradores e camponeses
podiam perecer de fome sem que isso comovesse os opressores. ... O povo era
obrigado a consultar sempre o interesse exclusivo do proprietário. A vida dos
trabalhadores agrícolas era de labuta incessante e miséria sem alívio; suas queixas,
se é que ousavam queixar-se, eram tratadas com insolente desprezo. Os tribunais
de justiça ouviam sempre ao nobre de preferência ao camponês; os juízes
aceitavam abertamente o suborno, e o mais simples capricho da aristocracia
tinha força de lei, em virtude deste sistema de corrupção universal. Dos
impostos extorquidos do povo comum, pelos magnatas seculares de um lado e pelo
clero do outro, nem a metade sequer tinha acesso ao tesouro real ou episcopal;
o resto era desbaratado em condescendências imorais. E os mesmos homens que
assim empobreciam seus compatriotas, estavam isentos de impostos, e, pela lei e
costumes, com direitos a todos os cargos do Estado. Os membros das classes privilegiadas
orçavam por uns cento e cinqüenta mil, e para a satisfação delas, milhões
estavam condenados a levar uma vida de degradação irremediável."
A corte achava-se entregue ao luxo e à libertinagem. Pouca
confiança existia entre o povo e os governantes. Prendia-se a todos os atos do
governo a suspeita de serem mal-interpretados e egoístas. Durante mais de meio
século antes do tempo da Revolução, o trono foi ocupado por Luís XV que, mesmo
naqueles maus tempos, se distinguiu como monarca indolente, frívolo e sensual.
Com uma aristocracia depravada e cruel, uma classe inferior empobrecida e
ignorante, achando-se o Estado em embaraços financeiros, e o povo exasperado,
não se necessitava do olhar de profeta para prever uma iminente e terrível
erupção. Às advertências de seus conselheiros estava o rei acostumado a
responder: "Procurai fazer com que as coisas continuem tanto tempo quanto
eu provavelmente possa viver; depois de minha morte, seja como for." Era
em vão que se insistia sobre a necessidade de reforma. Ele via os males, mas
não tinha nem a coragem nem a força para enfrentá-los. Sua resposta indolente e
egoísta sintetizava, com verdade, a sorte que aguardava a França: "Depois
de mim, o dilúvio!"
Valendo-se dos ciúmes dos reis e das classes governantes,
Roma os influenciara a conservar o povo na escravidão, bem sabendo que o Estado
assim se enfraqueceria, tendo por este meio o propósito de firmar em seu
cativeiro tanto príncipes como o povo. Com política muito previdente, percebeu
que, para escravizar os homens de modo eficaz, deveria algemar-lhes a alma; que
a maneira mais certa de impedi-los de escapar de seu cativeiro era torná-los
incapazes de libertar-se. Mil vezes mais terrível do que o sofrimento físico
que resultava de sua política, era a degradação moral. Despojado da Escritura
Sagrada, e abandonado ao ensino do fanatismo e egoísmo, o povo estava envolto
em ignorância e superstição, submerso no vício, achando-se, assim,
completamente inapto para o governo de si próprio.
Mas a conseqüência de tudo isto foi grandemente diversa do
que Roma tivera em mira. Em vez de manter as massas populares em submissão cega
aos seus dogmas, sua obra teve como resultado torná-las incrédulas e
revolucionárias. Desprezavam o romanismo como uma artimanha do clero.
Consideravam-no como um partido que as oprimia. O único deus que conheciam era
o deus de Roma; seu ensino era a única réligião que professavam. Consideravam
sua avidez e crueldade como os legítimos frutos da Bíblia, da qual nada queriam
saber.
Roma tinha representado falsamente o caráter de Deus e
pervertido Seus mandamentos, e agora os homens rejeitavam tanto a Escritura
Sagrada como seu Autor. Exigira fé cega nos seus dogmas, sob o pretenso apoio
das Escrituras. Na reação, Voltaire e seus companheiros puseram inteiramente de
lado a Palavra de Deus, disseminando por toda parte o veneno da incredulidade.
Roma calcara o povo sob seu tacão de ferro; agora as massas, degradadas e
embrutecidas, ao revoltarem-se contra a tirania, arrojaram de si toda a
restrição. Enraivecidos com o disfarçado embuste a que durante tanto tempo
haviam prestado homenagem, rejeitaram a um tempo a verdade e a falsidade; e erroneamente
tomando a libertinagem pela liberdade, os escravos do vício exultaram em sua
liberdade imaginária.
No início da Revolução foi, por concessão do rei, outorgada
ao povo uma representação mais numerosa do que a dos nobres e do clero
reunidos. Assim a balança do poder estava em suas mãos; mas não se achavam
preparados para fazer uso deste poder com sabedoria e moderação. Ávidos de
reparar os males que tinham sofrido, decidiram-se a empreender a reconstrução
da sociedade. Uma turba ultrajada, cujo espírito estava de há muito repleto de
dolorosas lembranças, resolveu sublevar-se contra aquele estado de miséria que
se tornara insuportável, vingando-se dos que considerava como responsáveis por
seus sofrimentos. Os oprimidos puseram em prática a lição que tinham aprendido
sob a tirania, e tornaram-se os opressores dos que os haviam oprimido.
Rei, clero e nobreza foram obrigados a submeter-se às
atrocidades do povo excitado e enlouquecido, cuja sede de vingança subiu de
ponto com a execução do rei; e os que haviam decretado sua morte logo o
seguiram no cadafalso. Foi ordenado um morticínio geral de todos os que eram
suspeitos de hostilizar a Revolução. As prisões estavam repletas, contendo em
certa ocasião mais de duzentos mil prisioneiros. Multiplicavam-se nas cidades
do reino as cenas de horror. Um partido dos revolucionários era contra outro, e
a França tornou-se um vasto campo de massas contendoras, dominadas pela fúria
das paixões. "Em Paris, tumulto sucedia a tumulto, e os cidadãos estavam
divididos numa mistura de facções, que não pareciam visar coisa alguma a não
ser a exterminação mútua." E para aumentar a miséria geral, a nação
envolveu-se em prolongada e devastadora guerra com as grandes potências da
Europa. "O país estava quase falido, o exército a clamar pelos pagamentos
em atraso, os parisienses passando fome, as províncias assoladas pelos ladrões,
e a civilização quase extinta em anarquia e licenciosidade."
Muito bem havia o povo aprendido as lições de crueldade e
tortura que Roma tão diligentemente ensinara. Chegara finalmente o dia da
retribuição. Não eram mais os discípulos de Jesus que se arrojavam nas
masmorras e arrastavam à tortura. Havia muito tempo que esses tinham perecido,
ou sido expulsos para o exílio. Roma, sentia agora o poder mortífero daqueles a
quem havia ensinado a deleitar-se nas práticas sanguinárias. "O exemplo de
perseguição que o clero da França por tantos séculos dera abertamente, achava-se
agora revertido contra ele mesmo com assinalado vigor. Os cadafalsos estavam
tintos do sangue dos sacerdotes. As galés e prisões, que em outro tempo se
povoaram de huguenotes, estavam agora repletas de seus perseguidores.
Acorrentados ao banco ou labutando com os remos, o clero católico romano
experimentou todas as desgraças que sua igreja tão livremente infligira aos
benignos hereges."
"Vieram então os dias em que o mais bárbaro dos códigos
foi posto em vigor pelo mais bárbaro dos tribunais; em que ninguém poderia
saudar os vizinhos ou fazer orações ... sem perigo de cometer um crime capital;
em que espias se emboscavam de todos os lados; em que todas as manhãs a
guilhotina funcionava em trabalho rápido e prolongado; em que as cadeias
estavam tão cheias como um porão de navio de escravos; em que, nas sarjetas, o
sangue corria espumante para o Sena. ... Enquanto diariamente carradas de vítimas
eram levadas ao seu destino através das ruas de Paris, os procônsules, a quem a
comissão soberana enviara aos departamentos, recreavam-se extravagantemente com
crueldade desconhecida mesmo na capital. O cutelo da máquina mortífera
levantava-se demasiado vagarosamente para a obra de morticínio. Longas fileiras
de prisioneiros eram ceifadas a metralha. Faziam-se rombos no fundo dos barcos
repletos. Lyon se tornou um deserto. Em Arras, mesmo a cruel misericórdia de
uma morte rápida era negada aos prisioneiros. Por toda a extensão do Loire de
Saumur até à desembocadura no oceano, grandes bandos de corvos e milhanos
banqueteavam-se nos cadáveres nus, juntamente irmanados em hediondos abraços.
Não se mostrava misericórdia a sexo ou idade. O número de moços e moças de
dezessete anos que foram assassinados por aquele governo execrável, deve ser
computado às centenas. Criancinhas arrancadas dos seios eram arrojadas, de
chuço em chuço, ao longo das fileiras jacobinas."
Quando é descoberto o
erro sob um aspecto, Satanás apenas o mascara sob disfarce diverso, e as
multidões o recebem tão avidamente como a princípio. Quando o povo descobriu
ser o romanismo um engano, e Satanás não pôde por este agente levá-lo à
transgressão da lei de Deus, compeliu-o a considerar todas as religiões como
fraude e a Escritura Sagrada como fábula; e, pondo de lado os estatutos
divinos, entregaram-se a desenfreada iniqüidade.
O erro fatal que trouxe semelhante desgraça aos habitantes
da França, foi a ignorância desta única e grande verdade: que a genuína
liberdade reside dentro das prescrições da lei de Deus. "Ah! se tivesses
dado ouvidos aos Meus mandamentos! Então seria a tua paz como o rio, e a tua
justiça como as ondas do mar." "Os ímpios não têm paz, disse o
Senhor." "Mas o que Me der ouvidos habitará seguramente, e estará
descansado do temor do mal." Isa. 48:18 e 22; Prov. 1:33.
Ateus, incrédulos e apóstatas opunham-se à lei de Deus e
acusavam-na; mas os resultados de sua influência provam que o bem-estar do
homem se prende à obediência aos estatutos divinos. Os que não leram esta lição
no Livro de Deus, são convidados a lê-la na história das nações. Fonte: Livro O
Grande Conflito, pags. 270-285.
Essa é a França que estamos vendo nas mídias sociais e na TV.
Uma nação ateísta, que despreza o cristianismo e quer ajustar os cristãos aos
seus moldes culturais e políticos.
O que estamos vendo de ações anti-religiosas são apenas a
ponta do iceberg. Há muitas outras ações, políticas e doutrinações sociais que
pretendem acabar com os fundamentos dos países cristãos e da própria religião
cristã.