![]() |
Soldados visigodos atacando estátua do imperador em Roma |
Significado bíblico:
A série profética das Sete Trombetas em Apocalipse 8 e 9 estão relacionadas aos Juízos de Deus.
As Trombetas eram objetos do Santuário, e tocadas pelos sacerdotes durante a Festa das Trombetas, dez dias antes da penultima festa - O Dia da Expiação - que prefigurava o Juízo dos crentes.
Assim, quando o Apocalipse se utiliza das Trombetas para essa Série de visões, elas indicam os juízos de Deus através da história da igreja.
A igreja cristã através dos séculos sofreu perseguições, os crentes foram torturados e martirizados, e Deus trouxe os juízos sobre os inimigos da igreja.
Segundo e Terceiro séculos
Os inimigos da igreja cristã no segundo e terceiro séculos foram os romanos, e os juízos de Deus vieram sobre o império romano através das incursões e migrações dos povos germânicos, especificamente visigodos e ostrogodos, nos séculos II e III.
É importante notar desde já que, embora esses grupos já existissem como entidades distintas nesse período, as grandes "invasões" que desestabilizaram o Império Romano ocorreram principalmente a partir do século IV, especialmente após a chegada dos Hunos (c. 375 d.C.). No entanto, os séculos II e III foram marcados pelos primeiros contatos, conflitos e pressões desses povos sobre as fronteiras do Império.
Contexto Histórico:
Os Povos Germânicos e o Império Romano
1. Visigodos (Godos
do Oeste): Estabeleceram-se a oeste do rio Dniester.
2. Ostrogodos (Godos
do Leste): Estabeleceram-se a leste do rio Dniester, nas estepes ucranianas.
Os relatos específicos sobre os Ostrogodos neste período são mais escassos e frequentemente se confundem com a história geral dos Godos. A principal fonte para este período é o historiador romano Ammianus Marcellinus, que escreveu no século IV, mas baseou-se em relatos e tradições mais antigas.
Migração para o Mar
Negro: Entre os séculos II e III, os Godos (incluindo os antepassados dos
Ostrogodos) migraram do vale do Vístula (atual Polônia) em direção ao sudeste,
estabelecendo-se na região ao norte do Mar Negro. Este movimento fez parte de
um deslocamento maior de povos germânicos.
O Reino Gótico de
Oium: A tradição gótica, preservada pelo historiador Jordanes em sua obra Getica
(século VI), fala de um reino chamado Oium nas estepes. Embora seja uma fonte
tardia e por vezes lendária, ela reflete a memória de um período de expansão e
consolidação de poder na região.
Contato com Outras Culturas: Nesta localização, os Ostrogodos entraram em contato e subjugaram vários povos eslavos e iranianos (como os Sármatas) e estabeleceram relações complexas com o Império Romano, alternando entre o comércio e o saque.
Conclusão para os Ostrogodos: No século III, eles estavam
consolidando seu poder na Ucrânia, mas ainda não eram uma ameaça direta e
massiva às províncias romanas centrais. Sua grande entrada na história romana
ocorreria mais tarde, sob o rei Ermanarico, e principalmente após serem
subjugados pelos Hunos por volta de 370 d.C.
Batalha de Abrito
(251 d.C.): Este é um dos eventos mais significativos e um relato histórico
concreto. Uma coalizão de Godos, liderada pelo rei Cniva, invadiu a Mésia. O
imperador romano Décio (r. 249-251) e seu filho Herênio Etrusco marcharam para
enfrentá-los. Na Batalha de Abrito, o exército romano foi aniquilado e ambos os
imperadores foram mortos. Foi a primeira vez que um imperador romano morria em
combate contra um exército "bárbaro", um evento chocante para o mundo
romano.
Saques na Grécia
(c. 267-268 d.C.): Outro relato marcante são os saques góticos profundos nos
Bálcãs. Uma enorme frota gótica saqueou cidades como Atenas, Corinto, Esparta e
Argos. O famoso Templo de Ártemis em Éfeso (uma das Sete Maravilhas do Mundo
Antigo) também foi saqueado e destruído por Godos por volta de 268 d.C.
Imperador Galiano
(r. 253-268): Galiano obteve uma importante vitória sobre os Godos em Naissus
(atual Niš, Sérvia) em 268 d.C., contendo temporariamente a ameaça.
Imperador Aureliano
(r. 270-275): Reconhecendo a dificuldade de defender a província da Dácia
contra a pressão constante dos Godos e de outros povos, o imperador Aureliano
tomou a decisão monumental de evacuar a Dácia por volta de 271 d.C.. As legiões
e a administração romana retiraram-se para o sul do Danúbio, abandonando o
território aos Godos. Este é um testemunho histórico claro do poder e sucesso
da pressão gótica no século III.
2. Cassius Dio (História
Romana): Sua obra cobre a história romana até 229 d.C., fornecendo o pano de
fundo dos primeiros contatos.
3. Historiadores do
Baixo Império (como Zósimo): Escritores do século V e VI que compilaram relatos
de fontes anteriores, descrevendo as grandes invasões do século III.
4. Jordanes (Getica):
Um historiador gótico do século VI. Sua obra é fundamental para a perspectiva
germânica, mas deve ser lida com cuidado, pois está repleta de lendas e foi
escrita para glorificar os Godos.
| Data (Aprox.) | Evento | Povo Envolvido | Consequência |
| c. 238 d.C. | Primeiros grandes saques góticos na
província da Mésia. | Godos/Visigodos | Estabelecem a ameaça gótica como uma
força séria. |
| 251 d.C. | Batalha de Abrito. Morte do Imperador Décio. |
Godos/Visigodos | Trauma para Roma; demonstra a vulnerabilidade militar. |
| c. 257-268 | Grandes incursões navais e saques no Mar Egeu
e Grécia. | Godos/Visigodos | Destruição de cidades históricas como Atenas. |
| 268 d.C. | Batalha de Naissus. Vitória do Imperador
Galiano. | Romanos vs. Godos | Contém temporariamente a invasão gótica. |
| c. 271 d.C. | Imperador Aureliano abandona a província da Dácia.
| Godos/Visigodos | Os Godos estabelecem-se permanentemente em território que
foi romano. |
Essas incursões não foram migrações massivas para ocupar terras dentro do Império (isso viria depois), mas sim ataques de saque em larga escala que exploraram a instabilidade da "Crise do Terceiro Século" e resultaram na primeira perda territorial permanente de Roma para um povo "bárbaro" – a província da Dácia.
Imagística usada na profecia do texto do Apocalipse
v8 “um grande monte em chamas foi lançado ao mar”
O “mar” no Apocalipse representa as nações (Ap 19:15) do
império romano; e as “chamas” podem estar relacionadas aos ataques incendiários
dos bárbaros, sobre Roma e as cidades da antiga Europa.
“Um terço do mar transformou-se em sangue”
O mundo antigo do primeiro século estava divido em três
continentes habitados – Europa, África e Ásia. O terço atingido era a Europa. A
imagística do “sangue” indica o grande morticínio provocado na Europa por essas
invasões.
v9 “morreu um terço das criaturas do mar”
A expressão “um terço” é uma expressão de juízo no
Apocalipse; essa expressão aparece no texto 12 vezes indicando sempre os juízos
de Deus.
“foi destruído um terço das embarcações”
Os Godos, utilizando-se de uma frota de navios, começaram a
saquear as ricas e vulneráveis cidades da costa do Mar Negro (províncias da
Mésia Inferior e Trácia). As embarcações são uma referência a frota marítima
dos romanos que eram pegas de assalto.
Conclusão:
O profeta Naum afirma que Yahweh é um Deus "Vingador" (1:4) e a história é uma testemunha disso. Deus trouxe os juízos sobre o aior império de todos os tempos, e não será diferente em nossos dias, na sexta trombeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário