A carta apostólica Dies Domini, promulgada por João Paulo II em 1998, visava reafirmar a centralidade do domingo na vida cristã-romana. Esse documento papal pode ser considerado um protótipo do Decreto Dominical; as bases teológicas para um decreto futuro contra a liberdade de culto.
No primeiro capítulo, "Dies
Domini", o domingo é apresentado como a celebração da obra do Criador. O
Papa destaca que, desde os tempos apostólicos, o domingo substituiu o sábado
judaico como o dia dedicado a Deus, marcando a nova criação iniciada com a
ressurreição de Cristo.
Vojtyla destaca que, embora o
domingo seja, para os cristãos, principalmente uma celebração pascal, essa
característica está intimamente ligada à mensagem das Escrituras sobre o
desígnio de Deus na criação do mundo. Ele enfatiza que o Verbo, que se fez
carne na plenitude dos tempos, é também o princípio e o fim do universo,
conforme afirmado em João 1:3 e Colossenses 1:16. Essa presença ativa do Filho
na obra criadora de Deus se manifesta plenamente no mistério pascal, onde
Cristo, ao ressuscitar como "primícias dos que morreram" (1 Coríntios
15:20), inaugura a nova criação.
João Paulo II também menciona que
o "shabbat", o repouso jubiloso do Criador, é uma bênção e
consagração do sétimo dia, conforme Gênesis 2:3. Ele argumenta que o domingo,
ao celebrar a nova criação iniciada com a ressurreição de Cristo, assume o
papel de recordar e santificar, cumprindo o mandamento de "recordar"
para "santificar" o dia do Senhor.
Assim, o Papa propõe que o domingo seja compreendido não apenas como um dia de descanso, mas como uma celebração da criação original e da nova criação em Cristo, unindo a obra do Criador com a obra redentora do Salvador.
O segundo capítulo, "Dies Christi", enfatiza o domingo como o dia do Senhor ressuscitado e do dom do Espírito. Aqui, o domingo é visto como a "Páscoa semanal", celebrando a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.
Em "Dies Ecclesiae", o terceiro capítulo, o foco recai sobre a assembleia eucarística como alma do domingo. A participação na Eucaristia dominical é apresentada como essencial para a vida cristã, fortalecendo a comunhão e a identidade da Igreja.
O quarto capítulo, "Dies Hominis", trata do domingo como o dia do homem. João Paulo II argumenta que o descanso dominical é um direito humano fundamental, permitindo que as pessoas se dediquem à família, à cultura e à espiritualidade.
Finalmente, "Dies Dierum" aborda o domingo como a festa primordial, reveladora do sentido do tempo. O Papa propõe que o domingo seja o centro do calendário litúrgico, orientando a vida dos fiéis para a eternidade.
Ao longo da carta, João Paulo II expressa preocupação com a crescente secularização do domingo, transformado em mero "fim de semana". Ele conclama os cristãos a redescobrirem o verdadeiro significado do domingo, integrando fé, descanso e solidariedade.
Dies Domini é, portanto, um apelo à renovação da vivência dominical, destacando sua importância teológica, eclesial e humana.
Conclusão
O documento é um ensaio do Vaticano para um futuro decreto. As bases teológicas estão estabelecidas, embora quando sejam lidas com uma crítica textual e exegética rigorosa, não vemos de onde veio a mudança do sábado para o domingo. O argumento é mais alegórico do que textual. A tradição é usada mais do que a autoridade das Sagradas Escrituras.
Assim, Carol Vojtyla já em 1998 já estabelecia as intenções da Igreja Romana sobre o dia sagrado dessa Igreja Romana. Esse tema irá retornar ao cenário mundial. Na ótica da Encíclica Laudato Sí, como justificativa social e ambiental.
Mas Apocalipse 13 nos ajuda a
entender que o argumento será moral e financeiro, dentro da associação das duas
nações – EUA e Vaticano, as bestas do mar e da terra (Ap 13:11-18).
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