A POSSE ESCATOLÓGICA DE TRUMP

 

Trump, Melania, o vice-presidente J.D. Vance e sua esposa Usha participaram de uma cerimônia religiosa na Igreja Episcopal de St. John, antes da cerimônia oficial dentro do Capitólio. Depois disso seguiram para o local da cerimônia de posse.

A cerimônia de posse teve uma forte inclinação espiritual. Foram 9 participações de líderes religiosos, com orações, bençãos e pronunciamentos. Havia um bispo católico, um rabino e diversos pastores. Donald Trump convocou uma escalação maior e mais diversa de clérigos do que o normal para orar por sua posse. 

O grupo — maior do que qualquer presidente desde Ronald Reagan — reflete sua política, pragmatismo e personalidade. Inclui os líderes evangélicos Franklin Graham e Samuel Rodriguez, bem como a conselheira espiritual Paula White, a televangelista da Flórida creditada por sua suposta conversão cristã recente, e um pregador da prosperidade de Detroit, Wayne T. Jackson. "Juntos, [Graham e White] incorporaram a adoção de Trump das ideologias gêmeas do nacionalismo cristão e do cristianismo capitalista", disse Kevin Kruse, professor de história na Universidade de Princeton. (Christianity Today)

O arcebispo católico de Nova York, dom Timothy cardeal Dolan, fez a oração de abertura, repetindo sua participação da posse de 2017. O evangelista Franklin Graham, batista, filho do grande evangelista Billy Graham, também esteve presente, destacando a importância da fé e afirmando que "a América não pode jamais ser grandiosa novamente se virar suas costas ao Senhor". O reverendo Lorenzo Sewell, um líder não denominacional de Michigan, conduziu a bênção inaugural, fazendo referência ao discurso "Eu Tenho um Sonho" de Martin Luther King Jr. e enfatizando liberdade e unidade em sua oração. Esses líderes religiosos desempenharam papéis significativos na cerimônia, refletindo a diversidade de tradições religiosas presentes nos Estados Unidos. (BBC)

Foi uma cerimônia marcada por menções a Deus. No seu discurso Trump disse – “A Bíblia nos diz "quão bom e agradável é quando o povo de Deus vive junto em unidade". (...) Quando a América está unida, a América é totalmente invencível. Não deve haver medo - estamos protegidos e sempre estaremos protegidos. Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres de nossas forças armadas e da aplicação da lei. E mais importante, sempre seremos protegidos por Deus”.

Trump em seu juramento usou a mesma Bíblia que Abraham Lincoln utilizou na posse de 1861, além de uma Bíblia pessoal.

União das Igrejas

Trump unificou as denominações e religiões em sua posse. Seguiu a projeção profética de que as religiões e denominações cristãs seguem para uma unificação, ou união de todas as religiões. Especialmente as denominações cristãs, se unificarão. Uma citação de Ellen White sobre a união das igrejas pode ser encontrada no livro O Grande Conflito – "Quando as principais igrejas dos Estados Unidos, unindo-se sobre pontos de doutrina que lhes são comuns, influenciarem o Estado para que imponha os seus decretos e os sustente por meio de instituições, protestantes e católicos darão um passo rumo à formação de uma imagem da besta." (O Grande Conflito, capítulo 35, "Ameaças à Liberdade", edição padrão).

Vaticano e Donald Trump

Bergólio (Papa Francisco) afirmou que os planos de Donald Trump para deportar migrantes ilegais dos EUA seriam uma "vergonha" se se concretizassem. Em entrevista a um programa de TV italiano, transmitido de sua residência no Vaticano, Bergólio disse que, caso os planos avançassem, Trump faria "miseráveis que não têm nada pagarem a conta". "Isso não está certo. Não é assim que se resolvem os problemas", afirmou.

Em uma mensagem a Trump, compartilhada na segunda-feira, Bergólio ofereceu-lhe "saudações cordiais" e o incentivou a liderar uma sociedade com "não há espaço para ódio, discriminação ou exclusão", promovendo "paz e reconciliação entre os povos". Bergólio é conhecido por considerar a questão dos migrantes de grande importância. Durante uma audiência pública em agosto, ele disse que "trabalhar sistematicamente por todos os meios para afastar migrantes" é "um grave pecado". (BBC)

Trump e Bergólio não parecem estar em sintonia em muitas pautas. Mas a relação de Casa Branca e Vaticano é histórica, e não necessariamente depende apenas de Trump. A Casa Branca, ou o governo americano representado pelo senado e os reprentantes dos estados, é que determinam essa ligação histórica-profética.

Trump e as Profecias

Os EUA e não Donald Trump são protagonistas das profecias de Apocalipse 13. A hermenêutica apocalíptica atribui aos Estados Unidos a identidade da terceira besta, ou a Besta da Terra (Ap 13:11-18).

O v11 de Apocalipse 13 descreve assim o poder político representado por essa “besta” ou nação – “Vi ainda outra besta emergir da terra. Tinha dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão”. Os "dois chifres como cordeiro" se aplicam historicamente aos valores de liberdade religiosa e civil que os EUA representam, e a "voz de dragão" ao potencial de opressão futura, e a apostasia dessa nação aos valores mundanos, do reino das trevas.

Outro aspecto importante dessa descrição dos vs11-18 é a sociedade que é descrita com a segunda besta (Besta do Mar) identificada como o Vaticano, o estado religioso governado pelos Papas. Essa parceria entre as ‘duas bestas’ ou duas nações é amplamante descrita em Apocalipse 13:

-v12 “exerce toda a autoridade da primeira besta” (autoridade religiosa)

-v12 “faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta” (adoração direcionada – quebra do princípio de liberdade religiosa)

-v14 sinais que lhe foi permitido realizar diante da besta (sinais pentecostais)

-v14 façam uma imagem à besta (réplica do governo tirano do papado na idade média)

-v15 foi concedido poder para dar vida à imagem da besta (o papado medieval revivido)

- v15 a imagem da besta falasse (poder político devolvido ao Vaticano)

-v15 fizesse morrer todos os que não adorassem a imagem da besta (decreto de morte)

-16 com que lhes seja dada certa marca na mão direita ou na testa (marca da besta)

-v17 ninguém possa comprar ou vender (sanções econômicas)

- v17 a marca, o nome da besta ou o número do seu nome (adoração no domingo)

A relação entre Casa Branca e Vaticano não é muito evidente e direta no governo Trump, como as profecias indicam. Mas a forte ênfase na união das denominações cristãs e das religiões é uma marca do governo Trump, e da filosofia política de direita.

Presidentes norte-americanos católicos talvez preenchessem melhor esse vínculo entre Casa Branca e Vaticano. Mas só o decorrer da história pode nos trazer a intepretação das profecias para o Apocalipse. A hermenêutica bíblico-histórica é fundamental para a compreensão das profecias de Daniel e Apocalipse.

Trump e seu governo Imperialista

Os vs11-18 de Apocalipse descrevem uma “Besta da Terra” ou nação imperialista. Essa nação escatológica impõem decretos, sanções e “faz morrer todos (decreto de morte) os que não adorassem a imagem da besta (adoração imposta a força). A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos (imperailismo) faz com que lhes seja dada certa marca na mão direita ou na testa (decreto religioso) para que ninguém possa comprar ou vender (sanções econômicas), senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome” vs15up-17.

O governo Trump segue a tendência da Rússia e China em dominar as outras nações. A profecia diz que os EUA serão bem sucedidos nesse imperialismo mundial, mas com a ajuda do Vaticano. As ‘propostas’ ou imposições de Trump já esboçam esse quadro:

- tomada da Groelândia

-tomada do Canal do Panamá

-intervenção na fronteira com o México

-renomeação do Golfo do México, para Golfo das Américas

-Colonização de Marte (uma nova ‘corrida espacial’)

O Trump ‘messiânico’


No seu discurso, Trump elaborou a expressão 'Dia da libertação'. Ele lembrou a tentativa de assassinato que sofreu na campanha, quando foi atingido de raspão na orelha.

"Acredito que minha vida foi salva por um motivo. Fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente", disse.

O presidente continuou: "Vamos agir com propósito e rapidez para trazer de volta a esperança, a prosperidade, a segurança e a paz para cidadãos de todas as raças, religiões, cores e credos. Para os cidadãos americanos, 20 de janeiro de 2025 é o dia da libertação".

Essa expressão é usada normalmente para se referir a países que estavam sob ocupação de forças estrangeiras. Mas também reflete a filosofia de um governo messiânico, espiritualizado encarando a figura apocalíptica, “parecendo cordeiro, mas falando como dragão” Ap 13:1up.

O Cordeiro no Apocalipse, se refere a Jesus “o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29); que essa nação, os EUA, pretendem representar como professos cristãos, mas que na prática “falam como o Dragão” e tratam dos assuntos do “grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo” Ap 12:9.

Leia também: 

As Relações da Casa Branca e o Vaticano

Os EUA Como Cordeiro

A Extrema Direita no Tempo do Fim

Hollywood e o Falso Profeta


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