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Destruição de Jerusalém no ano 70 dC |
Significado bíblico:
A série profética das Sete Trombetas em Apocalipse 8 e 9 estão relacionadas aos Juízos de Deus.
As Trombetas eram objetos do Santuário, e tocadas pelos sacerdotes durante a Festa das Trombetas, dez dias antes da penultima festa - O Dia da Expiação - que prefigurava o Juízo dos crentes.
Assim, quando o Apocalipse se utiliza das Trombetas para essa Série de visões, elas indicam os juízos de Deus através da história da igreja.
A igreja cristã através dos séculos sofreu perseguições, os crentes foram torturados e martirizados, e Deus trouxe os juízos sobre os inimigos da igreja.
Primeiro Século
Os inimigos da igreja cristã no primeiro século foram os judeus, que martirizaram o próprio Cristo, o Deus Encarnado, e mataram os apóstolos em sua maioria.
A invasão e destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. foi um
evento catastrófico, um dos mais significativos da história judaica, e foi
meticulosamente documentado por historiadores da época. O relato mais detalhado
e famoso vem de Flávio Josefo, um judeu romanizado que testemunhou os eventos.
Contexto Histórico
(Antes de 70 d.C.)
A Grande Revolta
Judaica (66 d.C.): A revolta começou devido a tensões de longa data sobre
impostos romanos opressivos, profanações religiosas por governadores romanos e
um crescente sentimento nacionalista e messiânico entre os judeus.
Guerra Civil: A
revolta não era apenas contra Roma; dentro de Jerusalém, facções judaicas
rivais (como os Zelotes, Sicários e outros) lutavam pelo controle, cometendo
atrocidades uns contra os outros.
Resposta Romana: O
imperador Nero enviou o general Vespasiano para esmagar a revolta. Vespasiano,
com seu filho Tito como segundo em comando, metodicamente reconquistou a
Judeia, cidade por cidade.
O Cerco de Jerusalém
(70 d.C.)
Com a morte de Nero e o caos em Roma, Vespasiano partiu para
se tornar imperador, deixando Tito no comando do cerco final a Jerusalém.
1. A Situação em Jerusalém:
A cidade estava
dividida entre várias facções judaicas que se combatiam, desperdiçando recursos
preciosos e queimando os estoques de grãos uns dos outros, o que levou
posteriormente a uma fome catastrófica.
Apesar da desunião,
os defensores eram numerosos e lutavam com ferocidade desesperada, acreditando
que Deus interviria a seu favor.
2. As Fortificações Romanas:
Tito cercou a
cidade com três muralhas de terra e fortificações, tornando impossível a fuga
ou a entrada de suprimentos. Qualquer um capturado tentando sair era
crucificado em massa nas colinas em volta, como um aviso psicológico.
Josefo relata que a
fome dentro da cidade tornou-se tão extrema que pessoas chegavam ao
canibalismo, com mães comendo seus próprios filhos.
3. Os Três Muros de Jerusalém:
Os romanos atacaram
sistematicamente as três muralhas de Jerusalém. Eles usaram aríetes, torres de
cerco móveis e minas para derrubar as fortificações.
Após semanas de
combates sangrentos, os romanos romperam a terceira e última muralha,
penetrando na cidade baixa e depois no Monte do Templo.
A Destruição do
Templo
Data: 9/10 do mês hebraico de Av (cerca de agosto de 70
d.C.)
O ponto de virada e
o evento mais simbólico da guerra foi a destruição do Segundo Templo.
De acordo com
Josefo, Tito inicialmente queria poupar o Templo, que era uma maravilha
arquitetônica, e usá-lo para o culto romano. No entanto, durante os ferozes
combates no pátio do Templo, um soldado romano, supostamente sem ordens, atirou
uma tocha em fogo em uma das dependências.
O fogo se alastrou
rapidamente e o Templo, cheio de madeira e ornamentos de ouro, foi consumido
pelas chamas. Josefo descreve uma cena de horror absoluto: o massacre de
milhares de civis que se refugiaram no local sagrado, o som dos gritos, o
crepitar do fogo e o desespero dos judeus ao ver o centro de sua fé e nação ser
destruído.
A Queda da Cidade e
suas Consequências
Após a destruição
do Templo, a resistência judaica continuou na Cidade Alta por mais um mês, mas
sua queda era inevitável.
Pilhagem e
Destruição: Os romanos saquearam a cidade metodicamente. O magnífico Candelabro
de Ouro (Menorá), a Mesa dos Pães da Proposição e outros tesouros do Templo
foram levados para Roma, como mostrado no Arco de Tito, em Roma.
Baixas e Cativos:
Josefo estima que 1.1 milhão de judeus morreram durante o cerco (a maioria por
fome e doença) e 97.000 foram capturados e escravizados. Os números modernos
são frequentemente revisados para baixo, mas ainda assim são catastróficos.
Fim da Autonomia
Judaica: Jerusalém foi arrasada, com exceção de três torres (como a Torre de
Davi) que foram deixadas como quartel para a legião romana estacionada lá. A
Judeia deixou de ser um reino cliente e tornou-se uma província romana
diretamente administrada.
Fontes Históricas
Principais
1. Flávio Josefo -
"A Guerra dos Judeus" (Bellum Judaicum):
A fonte primária e mais importante. Josefo
era um comandante judeu que se rendeu aos romanos e depois atuou como
intérprete e historiador de Tito. Seu relato é extremamente detalhado, mas é
crucial lembrar que ele escreveu para um público romano e para justificar sua
própria traição, o que pode ter enviesado sua narrativa contra as facções mais
radicais dos zelotes.
2. Tácito -
"Histórias":
O grande historiador romano também descreve
o cerco, mas os livros que cobrem o evento em detalhe se perderam. Sobrevive um
trecho onde ele descreve a fortaleza de Jerusalém e a expectativa romana de que
o Templo seria destruído.
3. Arqueologia:
Evidências da Destruição: Em escavações em
Jerusalém, especialmente no bairro judeu, foram encontradas camadas de cinza e
destroços queimados datados precisamente de 70 d.C.
Projéteis de Pedra: Bolas de pedra lançadas
por catapultas romanas foram encontradas por toda a cidade.
Inscrições e Moedas: Moedas cunhadas pelos
rebeldes judeus durante a revolta, com inscrições como "Para a Liberdade
de Sião", foram encontradas em meio aos destroços, assim como moedas
romanas comemorando a vitória: "IVDAEA CAPTA" (A Judeia Foi Capturada).
Significado Histórico
A destruição de Jerusalém em 70 d.C. foi um divisor de
águas:
Para o Judaísmo:
Marcou o fim do judaísmo baseado no Templo. O centro religioso transferiu-se
para os rabinos e as sinagogas, dando origem ao judaísmo rabínico que
conhecemos hoje.
Para o
Cristianismo: A comunidade cristã judaica de Jerusalém fugiu para Pella antes
do cerco (de acordo com a tradição). O evento foi interpretado pelos primeiros
cristãos como um cumprimento da profecia de Jesus sobre a destruição do Templo
(Mateus 24) e acelerou a separação entre o Cristianismo e o Judaísmo. Jesus
antecipou a profecia da Primeira Trombeta.
Para Roma: Foi uma
vitória crucial para a nova dinastia flaviana (Vespasiano e Tito), consolidando
seu poder e financiando grandes projetos, como o Coliseu de Roma, com o a
riqueza de Jerusalém.
Em resumo, o cerco e a destruição de Jerusalém em 70 d.C.
foram um evento de profunda brutalidade e significado religioso, político e
cultural, cujos ecos são sentidos até hoje. E sua aplicação histórica encontra
eco na primeira trombeta descrita em
Apocalipse 8:7.
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