FUNDAMENTALISMO NÃO É EXCLUSIVIDADE DA RELIGIÃO


Fundamentalismo não é a mesma coisa que Literalismo, quando se aplica a interpretação das Sagradas Escrituras. Há uma tendência de associar o fundamentalismo como se fosse uma ferramenta da hermenêutica bíblica. Mas isso é um erro.

Todo jornal ou meio midiático por manter uma postura de interpretação política poderia ser acusado de fundamentalismo.

“Nas palavras de Leonardo Boff, o fundamentalismo pode ser definido da seguinte maneira: Não é uma doutrina. Mas uma forma de interpretar e viver a doutrina. É assumir a letra das doutrinas e normas sem cuidar de seu espírito e de sua inserção no processo sempre cambiante da história, que obriga a contínuas interpretações e atualizações, exatamente para manter sua verdade essencial. Fundamentalismo representa a atitude daquele que confere caráter absoluto ao seu ponto de vista”.

Mas a própria declaração de Boff é fundamentalista. Os métodos de interpretação e suas ferramentas não podem ser criminalizados. É como criminalizar um bisturi do médico na mesma categoria de uma arma.

O termo fundamentalismo tem perpassado a reflexão de distintos pensadores nas
últimas décadas. Sua utilização tem servido para justificar atitudes religiosas fanáticas, um
retorno à sociedade pré-moderna ou mesmo práticas violentas. É imprescindível que esse
termo seja usado no plural, porque existem diferentes fundamentalismos.

Sua origem histórica encontra-se no universo religioso, entretanto, a sua abrangência na sociedade atual ultrapassa esse universo e ocupa o espaço da política e da economia, carregando consigo um traço claramente ideológico. Ter consciência de sua pluralidade é resguardar as várias especificidades que o fenômeno vem produzindo. [Panasiewicz]

“É o termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Fundamentalistas são encontrados entre religiosos diversos e pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca.
O termo surgiu no começo do século 20 nos EUA, quando protestantes determinaram que a fé cristã exigia acreditar em tudo que está escrito na Bíblia. Mas o fundamentalismo só começou a preocupar o mundo em 1979, quando a Revolução Islâmica transformou o Irã num Estado teocrático e obrigou o país a um retrocesso aos olhos do Ocidente: mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto e festas, proibidas.
Os ataques de 11 de setembro, organizados pelo grupo Al Qaeda, reacenderam a preocupação contra fundamentalistas e criaram 2 mitos freqüentes: o de que todo fundamentalista é muçulmano e terrorista. “Poucos grupos apelam para a violência”, diz o antropólogo Richard Antoun, autor de Understanding Fundamentalism: Christian, Islamic and Jewish Movements (“Entendendo o Fundamentalismo: Movimentos Cristãos, Islâmicos e Judaicos”, inédito no Brasil). Conheça, ao lado, alguns grupos fundamentalistas espalhados pelo mundo”.
[SuperInteressante]

A questão se torna complicada na hora de classificar e rotular coisas como o fundamentalismo. Afinal, o que é ser “fundamentalista”? Outra dificuldade é estabelecer um limite entre o que pode ser considerado uma escolha, consciente e feita com base no livre-arbítrio, e o resultado de uma lavagem cerebral, que pode ser diagnosticada como doença mental.

“Do ponto de vista da mente ocidental, por exemplo, a tendência para equiparar “fundamentalismo” exclusivamente com o islamismo radical é muito tentadora, principalmente por conta do teor das notícias que estamos acostumados a ler sobre o que acontece no Oriente Médio. Mas fica a reflexão: quão menos “fundamentalista” que um Osama Bin Laden é uma nação capitalista que bombardeia impunemente regiões civis e urbanas de países como Laos, Camboja e Coreia do Norte?

“Todos nós mudamos nossas crenças. Todos nós persuadimos uns aos outros para fazer certas coisas. Todos nós assistimos publicidade. Todos nós somos educados e temos experiências com religiões. E a lavagem cerebral, se você deixar, é o extremo disso. É forte, é coerciva, e é como um tipo de tortura psicológica”, declara  a neurologista Katheleen Taylor, da Universidade de Oxford (Inglaterra).

Para Katheleen, o rótulo do que pode ser considerado “fundamentalismo” é um tanto abrangente, e pode ir além do que você imagina. “Eu não estou falando apenas dos candidatos óbvios, como o islamismo radical ou alguns cultos mais extremos. Estou falando sobre coisas como acreditar que bater nos filhos é normal. Essas crenças também são perigosas, mas normalmente não são categorizadas como doença mental”, afirma.

A questão se torna complicada na hora de classificar e rotular coisas como o fundamentalismo. Afinal, o que é ser “fundamentalista”? Outra dificuldade é estabelecer um limite entre o que pode ser considerado uma escolha, consciente e feita com base no livre-arbítrio, e o resultado de uma lavagem cerebral, que pode ser diagnosticada como doença mental.

Do ponto de vista da mente ocidental, por exemplo, a tendência para equiparar “fundamentalismo” exclusivamente com o islamismo radical é muito tentadora, principalmente por conta do teor das notícias que estamos acostumados a ler sobre o que acontece no Oriente Médio. Mas fica a reflexão: quão menos “fundamentalista” que um Osama Bin Laden é uma nação capitalista que bombardeia impunemente regiões civis e urbanas de países como Laos, Camboja e Coreia do Norte?

“Todos nós mudamos nossas crenças. Todos nós persuadimos uns aos outros para fazer certas coisas. Todos nós assistimos publicidade. Todos nós somos educados e temos experiências com religiões. E a lavagem cerebral, se você deixar, é o extremo disso. É forte, é coerciva, e é como um tipo de tortura psicológica”, declara Katheleen. [ HyperScience ]

Ser rotulado como fundamentalista é a problemática no meio religioso. Ninguém quer ser identificado junto aos terroristas islâmicos. No entanto, todo cidadão tem o direito de liberdade religiosa, de crer e acreditar em suas convicções particulares, sem violência. E isso não é fundamentalismo, isso é convicção.

Um comentário:

  1. Olá amigo....
    Muito boa a matéria....
    Que Deus abençoe teu ministério.

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