Algumas interpretações evangélicas de Daniel 9:26up e 27 admitem que essa seção da profecia descrevem sete anos que descrevem um período após o vinda secreta de Jesus e do arrebatamento secreto.
O seguinte texto - "O povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O seu fim virá como uma inundação. Até o fim haverá guerra, e desolações foram determinadas. Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana. Na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de cereais. Sobre a asa das abominações virá aquele que causa desolação, até que a destruição, que está determinada, seja derramada sobre ele" Daniel 9:26,27 - descreveria o período pós-arrebatamento.
Isto gerou uma compreensão de que algumas pessoas seriam arrebatadas secretamente, e outras seriam deixadas, para viverem sete anos de uma grande tribulação. As expressões 'inundação', desolação, destruição, descreveriam um 'fim do mundo'.
A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
Daniel
capítulo 8 tem uma visão que Daniel recebeu, e nessa visão há uma profecia de
tempo (8:14). Essa profecia tem duas partes – um período longo de 2.300 tardes
e manhãs (Daniel 8:14) e um período curto, de setenta semanas (Daniel 9:24).
Essas
profecias de tempo, devem ser interpretadas pelo princípio “dia-ano” onde um
dia é igual a um ano. Os textos de Números 14:34 e Ezequiel 4:7 são as
diretrizes bíblicas para aplicarmos esse princípio, onde entendemos que um dia
equivale a um ano,
Em Números
14:34 está o relato da história dos 12 espias que investigaram a terra de Canaã
para que o povo entrasse ali. Mas depois de 40 dias observando a terra, 10
espias voltaram com um relatório ruim e dois deles, Josué e Calebe, fizeram um relatório
bom, afirmando que era possível conquistar a terra. Mas o povo acreditou nos 10
espias que fizeram o relatório ruim, e queriam voltar ao Egito. Foi neste
momento que Deus apareceu e disse – “De acordo com o número dos dias em que
vocês espiaram a terra, quarenta dias, cada
dia representando um ano, vocês levarão sobre si as suas iniquidades
durante quarenta anos e terão experiência do meu desagrado” Números 14:34.
Em Ezequiel
4:6, o profeta é orientado a cumprir um período de 40 dias profetizando, e que
representava os 40 anos do início do cativeiro; Deus diz – “um dia para cada ano” Ezequiel
4:6.
Esses dois
textos nos ajudam a entender que quando Deus usa períodos de tempos em dias ou
equivalentes, Deus está se referindo a anos.
AS SETENTA SEMANAS
No livro de
Daniel encontramos um período profético – “Setenta semanas estão determinadas
sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade” Daniel 9:24.
As Setenta
Semanas “estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade” ou
seja, se aplicam aos judeus e circunscritos à Jerusalém. Não se aplicam a um
tempo futuro depois da era judaica; e não se aplicam ao ‘tempo do fim’ depois
da Vinda de Jesus.
É uma
profecia que está no passado, dentro do período da história do povo judeu.
A palavra aqui traduzida por “determinadas”
significa literalmente no hebraico “separadas”. Setenta semanas, representando
490 anos, isto porque uma semana tem 7 dias; e setenta semanas vão ter 490
dias. Aplicados à profecia, isso se refere a um período de 490 anos.
Mas as
setenta semanas estão separadas de quê? Como os 2.300 dias foram o único
período de tempo mencionado no capítulo oito (8:14), devem ser, portanto, uma parte dos 2.300
dias, e os dois períodos devem ser o período de que as setenta semanas se
separaram; estas devem começar juntamente.
O anjo
declara que as setenta semanas partem da saída da ordem para restaurar e
edificar Jerusalém (Daniel 9:25). Se se pudesse encontrar a data desta ordem,
estaria estabelecido o ponto de partida do grande período dos 2.300 dias.
No sétimo
capítulo de Esdras acha-se o decreto. Esdras 7:12-26. Em sua forma completa foi
promulgado por Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 antes de Cristo. Mas em
(Esdras 6:14) se diz ter sido a casa do Senhor em Jerusalém edificada “conforme
o mandado [ou decreto, como se poderia traduzir] de Ciro e de Dario, e de
Artaxerxes, rei da Pérsia.” Estes três reis, originando, confirmando e
completando o decreto, deram-lhe a perfeição exigida pela profecia para
assinalar o início dos 2.300 anos. Tomando-se o ano 457 antes de Cristo, tempo
em que se completou o decreto, como data da ordem, viu-se ter-se cumprido toda
a especificação da profecia relativa às setenta semanas.
O esquema
profético está dividido assim em Daniel 9:
7 semanas = 49 dias = 49 anos
v25 |
457 aC – 408 aC |
62 semanas = 434 dias = 434 anos
v26 |
408aC – 27 dC |
1 semana = 7 dias = 7 anos
v27 |
27 dC – 34 aC |
“Desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas
semanas” — ou, sessenta e nove semanas ou 483 anos. O decreto de Artaxerxes
entrou em vigor no outono de 457 antes de Cristo. A partir desta data, 483 anos
estendem-se até o outono do ano 27 de nossa era. Naquele tempo esta profecia se
cumpriu.
A palavra
“Messias” significa o “Ungido”. No outono do ano 27 de nossa era, Cristo foi
batizado por João, e recebeu a unção do Espírito. O apóstolo Pedro testifica
que “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com Espírito Santo e com virtude” Atos 10:38.
E o próprio Salvador declarou: “O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me
ungiu para evangelizar os pobres.” Lucas 4:18. Depois de Seu batismo Ele foi
para a Galiléia, “pregando o evangelho do reino de Deus, e dizendo: O tempo
está cumprido.” Marcos 1:14, 15.
“E Ele
firmará concerto com muitos por uma semana.” A “semana”, a que há
referência aqui, é a última das setenta, são os últimos sete anos do período
concedido especialmente aos judeus.
Durante este tempo, que se estende do ano 27 ao ano 34 de nossa era, Cristo, a
princípio em pessoa e depois pelos Seus discípulos, dirigiu o convite do
evangelho especialmente aos judeus. Ao saírem os apóstolos com as boas-novas do
reino, a recomendação do Salvador era: “Não ireis pelos caminhos das gentes,
nem entrareis em cidades de samaritanos; mas ide às ovelhas perdidas da casa de
Israel.” Mateus 10:5, 6.
“Na metade
da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares.” No ano 31 de nossa
era, três anos e meio depois de Seu batismo, nosso Senhor foi crucificado. Com
o grande sacrifício oferecido sobre o Calvário, terminou aquele sistema
cerimonial de ofertas, que durante quatro mil anos haviam apontado para o
Cordeiro de Deus. O tipo alcançou o antítipo, e todos os sacrifícios e ofertas
daquele sistema cerimonial deveriam cessar.
As setenta
semanas, ou 490 anos, especialmente conferidas aos judeus, terminaram, como
vimos, no ano 34. Naquele tempo, pelo ato do Sinédrio judaico, a nação selou
sua recusa do evangelho, pelo martírio de Estêvão e perseguição aos seguidores
de Cristo. Assim, a mensagem da salvação, não mais restrita ao povo escolhido,
foi dada ao mundo. Os discípulos, forçados pela perseguição a fugir de
Jerusalém, “iam por toda parte, anunciando a Palavra.” Filipe desceu à cidade
de Samaria e pregou a Cristo. Pedro, divinamente guiado, revelou o evangelho ao
centurião de Cesaréia, Cornélio, que era temente a Deus; e o ardoroso Paulo,
ganho à fé cristã, foi incumbido de levar as alegres novas “aos gentios de
longe”. Atos dos Apóstolos 8:4, 5; 22:21.
Até aqui,
cumpriram-se de maneira surpreendente todas as especificações das profecias e
fixa-se o início das setenta semanas, inquestionavelmente, no ano 457 antes de
Cristo, e seu termo no ano 34 de nossa era.
OS SETE ANOS “ATÉ O FIM”
Sendo assim,
a última semana, ou 7 anos se aplicam ao povo judeu dentro do período que
recebeu o Messias, no primeiro século. E não podem se referir ao último século,
ou depois da Vinda de Jesus.
O texto de
Daniel 9 diz – “Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto e não
terá nada. O povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o
santuário” v26. Veja que este trecho da
profecia se refere ao tempo do “Ungido”, ou ao tempo de Jesus no primeiro século.
A seguir o
v27 diz – “o seu fim virá como uma inundação. Até o fim haverá guerra, e
desolações foram determinadas”. Aqui o “fim” se refere ao Messias, e não ao fim
do mundo, ou ao período da Segunda Vinda.
O v28
continua situalizando a ação do Messias – “Ele fará firme aliança com muitos,
por uma semana. Na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de
cereais”. Essa firme aliança se refere ao ministério de Jesus; a “metade da
semana” são os ‘três anos e meio’ do ministério de Jesus. Os outros ‘três anos
e meio’ se referem ao período até o ano 34, onde os judeus foram
definitivamente rejeitados, depois de apedrejarem Estevão.
A última
parte do v27 diz – “sobre a asa das abominações virá aquele que causa
desolação, até que a destruição, que está determinada, seja derramada sobre
ele”. A expressão “abominação” foi usada por Jesus para descrever a destruição
do templo e de Jerusalém no ano 70 – “— Quando, pois, vocês virem, situado no
lugar santo, o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel (quem lê
entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes” Mateus
24:15,16.
Como saber
se Jesus estava falando especificamente sobre a destruição de Jerusalém?
Isto porque
no início do capítulo, Jesus diz – “se aproximaram para lhe mostrar as
construções do templo. Ele, porém, lhes disse: — Vocês estão vendo todas estas
coisas? Em verdade lhes digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derrubada” Mateus 24:1,2.
Sendo assim
as descrições da profecia de Daniel sobre desolação, destruição e dilúvio (esmagador)
se referem à destruição de Jerusalém no ano 70, logo a seguir da semana que
revelava o Ungido, ou o Messias.
TEMPO DO FIM
A interpretação que os evangélicos fazem dessa profecia de Daniel para 7 anos após a Vinda Secreta de Jesus, não seguem as informações do texto bíblico. Pois o texto diz que a profecia “estão determinadas para o seu povo e para a sua santa cidade” Daniel 9:24.
Ou seja, a profecia toda se refere ao tempo dos judeus, na época do "Ungido", ou do tempo de Jesus.